domingo, 21 de junho de 2009

Cordel do Piauí é consumido na Europa e nos Estados Unidos‏


Por Pollyanna Carvalho

O poeta, violeiro e repentista, Pedro Costa, é presidente da Fundação Nordestina de Cordel (Funcor) e organizador da revista De Repente. Essa revista nasceu em 1994, com o objetivo de divulgar e abrir espaço para os cordelistas e violeiros do estado. Hoje ela está com mais de 70 edições. Em seu primeiro, ano ela saía a cada quatro meses e hoje ela passou a ser mensal. Seu organizador fala sobre a revista e a respeito do cordel no Piauí.

Que público consome a revista De Repente?
A revista De Repente hoje é uma revista consagrada. Foi criada com o objetivo de difundir a cultura do repente e da literatura de cordel no nordeste. Nesse primeiro momento pensávamos em atender o público-alvo da cantoria e da literatura de cordel, só que ele teve um avanço maior e hoje ela é aceita em todo o segmento cultural do país. Nosso principal público hoje são pessoas com independência cultural e sempre com nível superior.

O Piauí consome a De Repente?
Vendemos em média 2800 revistas não só no Piauí, mas em todo o Brasil. O Piauí é o menor consumidor dessa cultura, ele apenas produz . Os maiores consumidores são de fora. Hoje nós temos assinaturas em todo o Brasil, na Europa e nos Estados Unidos. Todas as bibliotecas da Europa e dos Estados Unidos recebem a revista, através de assinaturas, há dez anos, inclusive o congresso americano. O interesante é que a iniciativa foi deles, nós não oferecemos o produto, foram eles que nos procuraram.

Quais as dificuldades de difundir um trabalho como esse no Piauí?
As dificuldades sempre vão existir. O mundo é feito de renovação e transformação. Quando começamos a revista não tínhamos uma máquina de escrever, depois compramos, para datilografar e levar o material para a gráfica pelo menos mais compreensivo. Depois compramos um computar, hoje já temos um portal. Contudo as dificuldades sempre existem e vão existir, mas as soluções também existem e para isso temos que saber nos atualizar. A cultura não pára no tempo ela tem que andar de acordo com a necessidade e é assim que nós fazemos cultura.

Qual o retorno desse trabalho?
Com o retorno financeiro, mantenho minha família, estou formando os meus dois filhos. Todos eles são envolvidos com o cordel, nós nunca pedimos emprego a ninguém. Mas o retorno mais significativo é viver bem de arte no Piauí e ser conhecido em todo o Brasil sem precisar sair do Estado. O governo precisa cuidar dos seus artistas para que eles não migrem das suas terras para outras.

Qual a sua opinião sobre a valorização do público a esse trabalho?
Tudo só tem valor quando quem faz se valoriza. Ninguém valoriza aquilo que não se valoriza por si só. Eu me sinto muito estimulado a fazer cultura no Piauí, porque sempre me valorizei. Quando Paraíba e Ceará vendiam folheto a R$ 0,50 eu comecei a vender a R$ 2,00. As pessoas me perguntam porque e eu respondo que não estou vendendo papel escrito, estou vendendo cultura e cultura tem um preço e esse preço quem dá somos nós.

Qual a ligação das autoridades com a cultura no estado?
As autoridades são surdas, mudas e cegas, mas elas escutam, falam e vêem, mas para isso precisamos estimulá-los a enxergar o que nós fazemos, ouvir o que nós falamos e compreender a nossa língua. Nós é que temos que estimular os poderes e mostrar a eles um produto de qualidade. Nós não precisamos pedir ajuda, quem vive de esmola é santo. O artista tem que se valorizar.

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